terça-feira, 28 de setembro de 2010

Por que voto na DILMA


Autor: Daniel Bezerra editor geral

Rogério Ignácio de Almeida Cunha 

rogeriozenobia@yahoo.com.br


Voto na Dilma.
Em primeiro lugar porque o projeto que ela representa e continuará tirou da miséria mais de vinte milhões de pessoas. Vinte milhões de pessoas não são os números de uma vitória política ou econômica. São vinte milhões de barrigas cheias, em condições de começar a pensar, a julgar, a trabalhar, a freqüentar uma escola. São vinte milhões de pessoas que podem desejar uma sociedade melhor para além do bocado de comida, começam a ter condições de perceber e participar da sociedade. Vinte milhões de barrigas famintas que começam a ter ouvidos. Votando Dilma eu me coloco radicalmente ao lago delas, no espírito da Opção pelos Pobres.
Vinte milhões de pessoas nas escolas, no mercado, na sociedade, no espaço até agora ocupado prevalentemente pelos que se submetem aos ditames das elites que se comportam como donos absolutos da verdade e do país. Vinte milhões a mais significa crescimento deste mesmo número, pela consolidação dos processos de governo. E uma maior densidade populacional, um maior número de consciências acarreta a necessidade de estruturas diferentes, em que caibam, e que respondam às exigências de sua vida empobrecida, mas libertada da miséria que os mantinha inativos e ausentes. São vinte milhões de consciências capazes de crítica e luta.
Uma transformação social não virá pela atividade revolucionária de pequenos grupos esclarecidos. Menos ainda de grupos que ascenderam ao poder institucionalizado. Quanto isto aconteceu, foi fácil à direita retomar o processo e aniquilar a caminhada já feita. O primeiro passo ainda está em momento frágil e difícil de se consolidar. Quando é uma multidão que aos poucos toma consciência e se levanta, a caminhada pode se tornar irreversível. Este primeiro passo não pode ser traído por armadilhas eleitoreiras articuladas pela direita que maneja a imprensa e a opinião oficial.
O segundo motivo é esta vitória sobre a estratégia da direita mundial que mantém em São Paulo um núcleo forte de sua predominância decadente. A vitória de Dilma confirmará mais uma rebelião contra a hegemonia direitista, racista, ditatorial, golpista, fascista, elitista do neoliberalismo ocidental. Enfraquecer Dilma ou entregar o poder, mesmo que parte de seu poder nas mãos destes representantes nacionais da direita mundial é entrar no jogo deles e reforçar o plano da soberania dos EUA e da Europa Central, que estão decadentes, mas que terão marcado, na vitória conseguida aqui no Brasil um passo importante na estratégia que está hoje acuada.
Uma reflexão mais reforça este segundo argumento, do jogo da direita mundial no Brasil. O Brasil vem representando, internacionalmente, uma importante frente de resistência popular, na aliança entre os países em crescimento, da AL da África e da Ásia. É necessário consolidar este levantar-se de povos, a esperança de pequenos que se fazem respeitar.
É importante que esta vitória abaixe o quanto possível o tom de voz da imprensa que se coloca sempre mais nas mãos dos udenistas golpistas, aliados do neoliberalismo internacional. Eles já configuram uma verdadeira ditadura do pensamento único com os maiores meios de comunicação brasileiros, que se julgam mais até que um partido, um tribunal superior mundial que faz e desfaz a verdade, destrói pessoas e prestígios. Acusam e condenam a todo o mundo, mas não aceitam a mínima observação por parte de quem quer que seja. São os fazedores da verdade e uma vitória deles ou uma derrota menos significativa continuará a corroborar seu papel de julgadores não julgados, fiscais não fiscalizados.
Mais uma vez, enfraquecer o significado da vitória ou impedi-la significará deitar-se frente às esteiras mortais do trator direitista, grão-capitalista e latifundiário, que redistribuirá de maneira sempre mais humilhante o papel econômico e político dos nossos países.
Outro motivo é a maneira cínica e baixa como os adversários do povo que se levanta estão articulando a campanha eleitoral. Não é uma campanha eleitoral, é uma guerra de mentiras, de semi-verdades erigidas em lei férrea e absoluta. Enfraquecer a vitória ou talvez mesmo cedê-la é abaixar a cabeça ao comando mundial da mídia neoliberal, reduzir a política ao jogo porco de atirar lama nos adversários, semear a mentira na cabeça dos cidadãos, e fazer deste baixo-nível a arma e estratégia máxima da campanha. É reduzir política a emporcalhamento, reduzir luta eleitoral a debate sujo de revivenciamento de antigas querelas já armadas com a intenção de fazê-las valer na hora da verdade, transformando-a em hora da mentira. As acusações éticas não têm o mínimo caráter nem fundamento ético. São puramente questões montadas já há algum tempo, como pretensas bombas a se lançarem na campanha eleitoral. A mídia escondeu tudo o que se referia aos interessados e inflou o mais que pode o caráter acusatório contra a candidata e o partido que a sustenta.
A questão supostamente ética das delações e acusações reforça o aspecto moral e ético, até mesmo civilizacional da luta eleitoral. A ética está sendo invocada para os golpes mais rasteiros em que se conspurcam os inimigos com a manipulação das consciências. Um dos aspectos mais claros do governo que ora se encerra e que desejamos prolongar é a transparência que colocou em jogo, arriscando ser a primeira vítima dos que fazem da liberdade de expressão uma estratégia de enxovalhamento da consciência. A quantidade imensa de missões atribuídas à política federal criou um ambiente novo, em que a tática do tapete largamente utilizado antes do governo atual, não terá mais vez. Impedir ou diminuir a vitória de Dilma é reconhecer que ética é jogar lama indiscriminadamente, com o fito único de reconquistar o poder. Gritar e gritar, para não deixar ouvir.
As reformas sociais e políticas, a revolução que se torna sempre mais necessária, ainda não chegou ao ponto de maturidade de uma explosão decisiva. O povo em suas escolhas mostrou que não deseja transformações sociais agitadas, construídas na ruptura. Exigir ou tentar, agora, a reforma agrária necessária, as reformas políticas inadiáveis, as transformações do mundo do trabalho, da educação e da saúde, e fazer desta exigência um argumento contra a Dilma, é colocar o ideal como impedimento a um passo decisivo e certo. E o que se corre o risco de provocar é o retrocesso talvez irremediável, o adiamento da caminhada. Por não se poder fazer imediatamente o todo e o radical, impede-se – com o reforço de fajutos argumentos pseudo-éticos – a caminhada que já começou.
Impedir ou enfraquecer, hoje, a vitória do projeto Dilma porque as reformas não vieram – em nome da intragável governabilidade – é dar uma rasteira em quem acreditou que caminhar é levantar-se, dar um golpe baixo em quem procura, no povo, a resposta histórica dos desafios radicais. É jogar fora a água, os nenéns, o sabão… e guardar a sujeita para a próxima etapa do combate. Uma facada nas costas dos vinte milhões em quem nossa esperança já se realiza.
Copiado do Blog da Dilma

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