segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A REFORMA POLÍTICA

Via Jornal O Rebate

Laerte Braga
Eu penso que quando você troca os azulejos do banheiro, pinta as paredes da casa e troca algumas peças quebradas (torneiras, chuveiros, descargas, etc), você na prática não muda nada na essência, mantém a mesma estrutura, a rigor, dá um retoque para parecer melhor, ou de fato sentir-se melhor, menos incomodado com certos defeitos.
Não quer dizer que os defeitos sumam, ou desapareçam.
O governador do extinto estado do Espírito Santa (latifúndio VALE/SAMARCO/ARACRUZ e outros acionistas menores) apiedou-se do pobre ex-senador Gerson Camata e criou uma secretaria especial para o dito cujo. Vai poder continuar sem fazer coisa alguma, dizer um monte de besteiras como sempre disse e dar a impressão que um determinado setor do governo do latifúndio mudou.
Voto distrital, voto misto, lista aberta, lista fechada, representatividade partidária, sem nenhuma mudança estrutural. Longe do debate popular. Por exemplo. Vão discutir a extinção das câmaras municipais, uma espécie de lagarta devoradora das árvores de recursos públicos para pequenos/grandes negócios de vereadores (depende do tamanho do município)?
É óbvio que não. Vão achar um jeito de não mudar coisa alguma, manter intocados os privilégios de castas e donatários de capitanias hereditárias (caso do Maranhão e da família Sarney).
Nos momentos mais significativos da campanha DIRETAS JÁ o general Octávio Medeiros, cão de guarda do governo Figueiredo (perigoso porque não vacinado, embora fosse mais de ladrar que morder), proclamou o seguinte - "eleições diretas só em 1990 -. Aconteceram em 1989 e foram vencidas por um maluco fabricado pela REDE GLOBO na esteira de um projeto neoliberal para o Brasil consumado depois no governo de FHC, o Collor real.
Não tivemos uma Assembléia Nacional Constituinte, mas um Congresso Nacional Constituinte em que todas as garantias, a despeito de avanços, foram dadas às figuras da ditadura e preservado o "direito" das forças armadas de intervir no caso de grave desordem pública.
Ou seja, de dar um golpe de estado quando acharem conveniente.
A história do Brasil tem páginas em branco. Os crimes cometidos pela ditadura militar que, em sua característica, revelam a natureza do que de fato aconteceu ao nosso País e a toda a América Latina a partir da década de 60 do século passado.
O artigo que dispõe sobre regulamentar a mídia está esbarrando na falsa premissa de censura que pretende manter o monopólio de meia dúzia de famílias em torno dos veículos de comunicação, na faina diária de alienar, mentir, distorcer e vender a idéia que nãos somos humanos, mas consumidores de tira manchas de vaso sanitário.
Não há definição completa, pronta e acabada de participação popular, em todas as instâncias (federal, estadual e municipal) através de referendos nacionais, estaduais ou municipais, ou mesmo que digam respeito a bairros, comunidades,
Senadores e deputados são a síntese do poder de um cheque em branco que Berlusconi dá, por exemplo, a uma menor em troca de uma noite de amor.
O povo paga.
E, como diz Pedro Bial porta-voz do bordel televisivo diante da resistência de uma sister em abrir as pernas para um brother, "VIVA A VIDA MARIA".
Não é crível imaginar que figuras patéticas como Itamar Franco, malucas como Collor de Mello e Aécio Neves, sob a batuta de Francisco Dorneles, sejam capazes de propor mudanças estruturais que permitam participação popular. Se o fizerem, podem procurar que, no meio, vai ter um pulo do gato para ficar tudo igual.
Costumam dizer que nossa "democracia" é tenra, está sendo construída paulatinamente.
Bobagem. Está engessada por uma constituição produzida em meio ao toque de clarim de advertência dos quartéis, a um tal CENTRÃO que se rebelou para garantir impunidade e direitos perpétuos desse monte de Sarney por aí.
E neste momento, em dúvida sobre se o governo Dilma é Roussef ou é Serra, com toques de Neves.
Que o diga o funcionário do Departamento de Estado, nominalmente chanceler brasileiro Antônio Patriota.
Ou se percebe a importância de mudanças estruturais - reforma agrária por exemplo, ampla e geral - ou à frente, não importa se em vinte, trinta anos, mas à frente, estaremos diante dos mesmos dilemas vividos por vários povos do mundo, agora numa fase aguda.
Ou somos os detentores do poder, o povo, ou somos rebanho a reboque de senhores senadores e deputados em simulacros de governos democráticos.
Uma Assembléia Nacional Constituinte, com ampla participação de comitês populares, canais abertos para os trabalhadores, não é só uma necessidade. É uma imposição da história como assim o é também a abertura dos baús da ditadura para que as páginas em branco do período sejam preenchidas com o sangue de inocentes derramado na boçalidade dos governos militares, para que saiba o nível de patriotismo dessa gente.
Nem sempre vai ter uma Copa do Mundo para segurar a barra, muito menos uma Olimpíada.
Aquele negócio de "mais uma vez a Europa ser curva diante do Brasil" é bobagem, besteira. Nunca se curvou e não vai ser agora que boa parte virou colônia dos EUA que vai ser curvar. Já se voltaram para Washington e está de quatro em caráter permanente, não tem como se curvar aqui.
Quarenta e cinco dias para que os senadores produzam o milagre.
Não existe milagre nesse tipo de negócio, nem se convocarem Marcelo Rossi para chegar num Cadillac aberto e distribuindo água benta para todos.
Vai acabar numa tremenda farsa;
O caminho continua sendo o das ruas. Os povos árabes estão começando a provar e mostrar isso. 

Buscado no Gilson Sampaio


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