quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Quem escolhe ser cego, fica fora da luta





Buscado no TIJOLAÇO




Por: Fernando Brito


Tenho lido artigos de pessoas absolutamente obturadas dizendo algumas barbaridades sobre o leilão de Libra.

Hoje, saiu um deles, nas páginas “muy amigas” de O Globo, assinado pelo ex-deputado Vivaldo Barbosa.

Creio que é natural em todos, inclusive neste blogueiro, certa tristeza por não termos todo o petróleo – em Libra e fora dele – sendo exclusivamente explorado pela Petrobras. Isso seria o ótimo que, como se sabe, é o pior inimigo do bom.

Daí, porém, a partir para uma manipulação vergonhosa dos números vai imensa distância. Não é possível defender bons propósitos com mentiras. Pior: acaba-se, como a Terra é redonda, indo somar ao lado dos inimigos do Brasil.

Diz Vivaldo:
Por outro lado, os grandes países produtores como Arábia Saudita, Noruega e Venezuela, ficam com 80% do petróleo na partilha. Os 20,8% dados pelo consórcio para a União (41,65% sobre o óleo lucro) ficaram muito baixos (a União tinha 100% antes do leilão). Os 79,2% do petróleo ficam com o consórcio, sem parâmetro no mundo.

Ora, nem José Serra, com suas reconhecidas habilidades matemáticas, chega a tanto, senhores.
Como tenho infinita paciência, de novo explico, para que esse tipo de patranha não prospere.

E, agora, quase desenhando.

Suponhamos que você tenha uma nota de 100 reais, lá em Manhu-Mirim e pergunte quem quer ir buscar lá, para você.

Você diz que, para fazer isso, ele terá de pagar uma taxa a você, um bônus, de perto de 1 real.

O seu melhor amigo diz que fará isso e pega um ônibus para lá, a R$ 15 a passagem: R$ 30, ida e volta.

De onde sai esse dinheiro? Do bolso dele?  É obvio que não. Ele é seu amigo, não a Irmã Paula.Sai destes 100.

Sobraram 70.

Como Manhu-Mirim cobra um imposto para alguém sair de lá com dinheiro – um tal de royalty, de 15% – o seu amigo já largou 15 reais na saída da rodoviária. Porque esse tal royalty é do valor bruto, não importa quanto custe o ônibus. E é dinheiro que, evidente, vai sair daquela pelega de 100 reais.

Ficaram 55, se a Escola Isabel Mendes, da velha Guanabara, me ensinou direito.

Estes 55 vão ser rateados entre você e seu amigo: 41,65% para você, o resto para ele.

Portanto,  R$ 22,91 para você e R$ 32,09 para ele.

Mas, como você ainda cobra um “imposto de amizade” ao seu amigo, de 34% de tudo o que ele ganhar, ele tem de repassar a você 34% destes R$32,09, ou R$ 10,91.

Ficam, para ele, portanto, R$ 21,18, do qual ele tem de tirar aquele um real que te pagou de “bônus”. Sobram, portanto, R$ 20,18

Como você é o prefeito de Manhu-Mirim, ficou com os 15% daquele valor cobrado lá: R$ 15.

15 mais 22,91 e mais 10,91 dá  48,82. Mais aquele realzinho, 49,82 reais

Se você ficou com R$ 49,82 e seu amigo com R$ 20,18, quanto dinheiro têm vocês dois juntos, perguntar-me-ia a Dona Vilma, minha professora lá na Isabel Mendes.

- Ah, tia, é só somar 49,82 com 20,18, isso dá R$ 70, é moleza.

Aí, no ano seguinte, a Dona Vilma ia me ensinar a calcular percentagem e perguntaria quantos por cento 49,82 são daqueles 70 reais do total.

E eu iria fazer uma regra de três simples: se 70 reais são 100 por cento, 49,82 reais são “X”. 

Multiplicando em cruz, dá 4982 divididos por 70, ou 71,17%.

Mas isso não é tudo: como o seu amigo tem uma esposa chamada Petrobras, que fica com 40% de tudo o que ele ganha, a Dona Petrobras fica com 40% daqueles R$ 20,98: ou seja, com  R$ 8,39.

Dona Vilma vai me perguntar de novo: quanto você (49,82) e Dona Petrobras (8,39) ficaram, juntos?
Fácil, tia: 49,82 mais 8,39 dá 58,21.

-E quantos por cento isso é daqueles 70 reais?

- 5821 divididos por 70 dá 83,16%.

Desculpem o primarismo, mas só assim para desobturar mentes cegadas pela ideologia, que deve ser luz para ver e não treva para esconder.

Dito isso, vamos cuidar dos argumentos que usam os inimigos da Petrobras,da política de exigência de conteúdo nacional, daqueles que querem, estes sim, transferir para o estrangeiro a riqueza do pré-sal de Libra e de outros mais.

PS. O argumento de que a Petrobras tem acionistas estrangeiros, mais uma “dívida” que temos com a nefasta memória de Fernando Henrique, vale tanto para a partilha como está  como se o campo fosse totalmente entregue à Petrobras, certo?

Por: Fernando Brito
 

Nenhum comentário: